O que aprendemos com o Facebook Home

Quando o Facebook lançou seu aplicativo de página inicial em 12 de abril, as previsões eram abundantes. Estaria em todos os smartphones, com o usuário comum não sabendo a diferença entre o Home e o sistema operacional do seu telefone. Ele iria destruir a estratégia do Google com o Android, incentivando os usuários a usar o Facebook ao invés de serviços do Google. Iria rastrear cada movimento que os usuários fazem, removendo todo conceito de privacidade. Mostraria aos investidores que o Facebook tinha virado uma página, e agora entendia o dispositivo móvel.  Seria…um enorme fracasso?

facebook-does-dr-seuss-300x201

Dias atrás, a EE anunciou que o HTC One, o celular Android de médio-alcance com o Facebook Home pré-instalado, teria seu lançamento adiado no Reino Unido, enquanto o Facebook faz com que o Home seja um pouco mais ajustado, podendo ser embutido completamente.

Isso é surpreendente, dado que nos Estados Unidos, a  AT&T, primeiro baixou seu preço para $0,99 em um contrato de dois anos, para depois interrompê-lo por completo, seguidos de relatos de que apenas 15 mil tinham sido vendidos.

Claro que, a sorte do HTC One, não depende exclusivamente do app iniciador do Facebook, que está disponível para download no Google Play app Store.

Certamente seria mais fácil que os usuários fizessem o download de um aplicativo gratuito que comprar um novo telefone.

O aplicativo tem mais de um milhão de instalações, mas uma classificação média de apenas 2.3 de 5, com a revisão restrita à uma estrela; e mais de 9.000 comentários de 1 estrela comparado com 3.400 de 5 estrelas (o segundo maior) está claro que alguma coisa muito errada aconteceu (NB: Estatísticas tiradas do google play e atualizadas no momento de escrever).

Marmelada Móvel?

Identificar exatamente o que deu errado é um pouco menos óbvio.

A parte particularmente interessante é a natureza muito binária dos comentários: as duas classificações mais comuns são 1 estrela e 5 estrelas, sugerindo que este é um aplicativo e conceito de telefone que tem os usuários polarizados ao invés de ser um completo fracasso.

Acho interessante que essa parece ser uma tendência em tecnologia no momento: dar uma olhada em comentários do Google Glass ou Windows 8 e o que realmente se destaca é que os usuários ou amam ou odeiam.

Talvez seja apenas uma reação à marcha frenética da tecnologia em nossas vidas, uma sensação de impotência criada pela mudança constante,  ou que estamos apenas tendo a impressão de que as mudanças estão sendo feitas para nos mostrar mais anúncios ao invés de nos tornar mais conectados e produtivos.

Independentemente disso, é claro que uma grande preocupação com o Home é a forma como ele transforma o celular em um grande feed do Facebook.

Isto não se limita aos usuários ficarem bloqueados apenas à página inicial no Facebook (mais precisamente, o que torna difícil para eles encontrar outros aplicativos), mas por causa de preocupações sobre a forma como as informações de sua home é mostrada, todo o tempo, é difícil policiar isso.

Esta é uma receita para a sobrecarga de informações, ainda pior quando o excesso de informações também parece irrelevante.

ifwtinformation-overload-nyt

Enquanto isso, outros usuários descobriram que ao invés de muito Facebook, é na verdade muito pouco.

Isso é muito pouco da experiência real do Facebook; A Página inicial caiu na armadilha encontrada por vários “sites móveis” proporcionando uma redução da experiência, removendo o que os usuários gostavam em primeiro lugar. Neste caso, o que inclui a capacidade de ver as atualizações, como notificações. Pelo contrário, remove o aspecto de “conversa” que sustenta as redes sociais, em primeiro lugar.

Depois, há a arquitetura e design do aplicativo, que é nada menos do que uma desastrosa experiência para o usuário… e eminentemente evitável.

Facebook Home não suporta widgets do Android, que são mini-aplicativos que rodam na tela inicial do telefone e fornece atalhos e atualizações.

Esta era uma das características do Android que as pessoas mais gostam então é intrigante ver que o Facebook não deu muito atenção à eles.

A razão é que o Home foi criada por usuários do iPhone (o iPhone não usa widgets) e esses desenvolvedores não quiseram investir seu tempo para aprender as várias diferenças do Android, ou de pesquisa para ver como os usuários do Android gostam de interagir com os seus dispositivos.

Os usuários também estão preocupados com o uso de dados e da bateria do Home, e como o Facebook está supostamente trabalhando para arrumar esses problemas, parecem que eles resultam do projeto do app.

Uma vez que essas correções sejam feitas, o Home deveria fornecer um argumento mais convincente para os usuários que gostariam dessa profunda integração do Facebook em seus telefones, mas o grande desafio do Home é que os usuários não vão aceitar uma experiência imatura.

2472455690_f10e674080

Comparações com Windows 8 (especialmente a interface Metro) poderia ir além, para explorar como os usuários se relacionam com uma camada por cima de um sistema operacional.

Ambos, Facebook e Microsoft esforçaram-se para articular o que realmente são: ou era isso ou eles permaneceriam deliberadamente vagos temendo uma reação do usuário contra a verdade. Nos dois casos, a peça adicional tem um claro conceito por trás; O Facebook Home tenta fazer com que o seu celular centre-se em volta das pessoas e nas interações, não os apps; o mesmo acontece com o Metro com seus azulejos vivos.

E ambos foram um fracasso: O Facebook Home está sendo urgentemente redesenhado;  O Windows 8.1 está sendo conduzido para um lançamento antecipado; e os aplicativos do Windows 8 são raramente usados mesmo em tablets. Os 2 serviços fornecem duas lições importantes para a indústria.

Primeiro, quando as pessoas recebem uma coisa nova, um “upgrade”, o que eles querem não é totalmente uma nova experiência; ao invés eles querem exatamente a mesma experiência, mas uma melhor.

Eles querem os pequenos erros resolvidos. Eles querem que as dificuldades que estão no caminho do seu trabalho sejam removidas.

Mas eles querem inovar em seus próprios termos, e não daqueles que prestam serviço, e especialmente não quando o dito prestador, que é suspeito de querer cultivá-los para as agências de publicidade.

Em segundo lugar, usuários realmente gostam de ter uma experiência perfeita e polida.

Eles querem sentir que você investiu tempo e dinheiro fazendo uma coisa perfeita para eles.

Eles querem pegá-lo e sentir como se fizessem parte.

Há uns 2 anos atrás parecia que o Android tinha sido amaldiçoado para ser direcionado o mercado de massa, uma alternativa mais barata ao iPhone, que trouxe a experiência de smartphone para o usuário com baixo orçamento.

Agora, o HTC One foi avaliado como possivelmente o melhor smartphone no mercado.

A razão para isso é que tanto no hardware quanto no software de ambos, o One parece tão elegante quanto o iPhone.

Concluindo, parece que o conceito por trás do Facebook Home, de um lançador personalizado que exibe as atualizações que você está interessado, de uma forma muito atraente, e permite que você interaja com seus amigos mais facilmente, é uma boa.

Entretanto, o fator limitante do Home , são os teus amigos do Facebook: se postarem imagens que você não quer ver, não compartilham seu gosto em notícias ou simplesmente não são muito interessantes (certamente não!), então não vai ser muito interessante.

No entanto, como vários analistas têm dito, uma vez que este fica disponível para Instagram, torna-se uma forma muito interessante de interagir com o seu celular.

David Akka - CEO Magic Software UK
David Akka – CEO Magic Software UK

English and Original Version

 

 

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *