Me parece que o HTML5 está no vale da desilusão. Para aqu
eles familiares com o Hype Cycles do Gartner, depois de um pico de euforia inicial, o modelo do Gartner prevê que a desilusão com novas tecnologias se instaura por um período e, em seguida, volta a subir lentamente por um período longo de adoção.
No ritmo frenético da tecnologia móvel, o Hype Cycles para uma grande tecnologia vibra num comprimento de onda totalmente diferente. Novos produtos nascem e morrem em semanas, não mais em anos, e super tendências de ontem tornam-se material para o museu de tecnologias engavetadas do amanhã. Ainda sim, o HTML5 é uma super tendência, assim como suas várias extensões, e seus proprietary helpers estão vibrando através de ciclos de vida cada vez mais rápidos. Todavia, o HTML5 parece ser uma super tendência com seu próprio ciclo de vida, vale de desilusão e adoção a longo prazo.
Tal desilusão veio à tona graças a afirmações públicas sobre iniciativas falhas ou equivocadas. Quem consegue se esquecer das declarações de Mark Zuckerberg de dois anos atrás, afirmando que os experimentos do Facebook com HTML5 foram um erro? Pode ser útil relembrar o que o Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, realmente disse durante a conferência Disrupt SF, em setembro de 2012:
“Quando reflito sobre os últimos anos, penso que o grande erro que cometemos, como empresa, foi ter apostado tanto no HTML5 ao invés do nativo… Porque ele apenas não estava pronto. E não é que o HTML5 é ruim. Eu realmente estou animado com isso, ao longo prazo. Uma coisa interessante é que, na verdade, temos mais gente usando o site mobile do Facebook em seu dia-a-dia do que pessoas usando nossos aplicativos para iOS e Android combinados. A web móvel é realmente uma grande coisa para nós.”
O diretor de tecnologia móvel do LinkedIn também explicou o movimento contrário ao HTML5 adotado por sua empresa: Porque essas duas coisas [ferramentas de desenvolvimento e operações que resolvem problemas de forma rápida] não existem, pessoas estão retornando ao nativo. Não é que o HTML5 ainda não esteja pronto; é que o ecossistema não o suporta. … Há ferramentas mas elas ainda estão em seu início. As pessoas estão ainda descobrindo o básico.”
Esses tipos de comentários parcialmente negativos talvez tenham dado coragem ao analista Al Hilwa de IDC a ser menos do que efusivo em sua declaração sobre o progresso do HTML5 como tecnologia: “É justo dizer que o HMTL5 como um conjunto de tecnologias ainda não atingiu suas expectativas como uma plataforma de desenvolvimento e implementação de destino para aplicações móveis.” Em seu relatório para o IDC, intitulado “O estado evolutivo do HTML5”, ele também olha para os aspectos positivos do ciclo de adoção do HTML5, “Também é importante reconhecer que o HTML5 tem sido uma conquista tecnológica e política significativa que está sendo adotada em diversas áreas”.
De fato, Hilwa adota uma analogia Dickensiana de “melhores tempos, piores tempos” para descrever o HTML5: “Esses são os melhores tempos porque a tecnologia está se movendo mais rápido do que nunca, e capturou a atenção do mundo”, afirmou Hilwa. “Há também os piores tempos para o HTML5 porque um número de esforços de alta visibilidade para desenvolver importantes aplicações móveis em tal tecnologia falharam efetivamente (por exemplo, Facebook e LinkedIn) e, até hoje, poucas startups sob pressão de serem bem sucedidas arriscariam implementar suas importantes aplicações móveis em HTML5.”
Adicione a isso a declaração recente da parceria conjunta entre Apple e IBM, que colocará a enfase da IBM no desenvolvimento de aplicativos nativos para iOS, ao invés do HTML5, e vê-se a desilusão se configurar ainda mais. Assim, parece que ainda estamos ainda no estágio de queda livre na perda de interesse e apoio à tecnologia e não ainda no crescimento lento do estágio de adoção.
Tudo isso parece aumentar o interesse em aplicativos nativos mas poucos podem arcar com os custos de desenvolvê-los para múltiplos sistemas operacionais. A desilusão com o HTML5 poderia redirecionar o foco às plataformas MEAPs, que necessitam de um único esforço para gerar aplicativos nativos para sistemas operacionais múltiplos. As aplicações corporativas, em particular, se beneficiarão por um esforço único de desenvolvimento que resulta em versões múltiplas de aplicativos móveis, para diversos sistemas operacionais, como o iOS, Android, Windows Mobile e BlackBerry.
